“Somos uma nação de Sem Terras”

Por Maísa Lima

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Bete e Adriano falam sobre a luta pela terra em Goiás

Dia 17 de abril é o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Em Goiás, a deputada estadual Adriana Acorcci (PT) realiza nesta terça-feira (16), às 14 horas, no auditório Costa Lima da Assembleia Legislativa, uma audiência pública para tratar o tema, mostrando a realidade dos acampamentos e assentamentos no Estado. Conforme Bete Cerqueira, da Coordenação Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), há mais de 3 mil famílias acampadas, distribuídas entre 19 acampamentos localizados em municípios goianos.

Representantes do MST em Goiás estarão em vigília no prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Goiânia, desde as 8 horas desta terça e deve prosseguir até amanhã.

Tanto Bete quanto o professor Adriano Rodrigues de Oliveira, do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) estiveram no estúdio da Rádio Trabalhador (www.radiotrabalhador.com.br) nesta terça-feira para falar que, enquanto política de Estado, a Reforma Agrária nunca existiu no Brasil, embora esteja prevista na Constituição Federal de 1988.

Capacidade de luta

“Tudo o que foi feito até hoje no País em termos de Reforma Agrária só se sustentou graças à capacidade de luta do povo. Somos uma nação de Sem Terras”, afirmou Adriano, referindo-se ao movimento popular criado na década de 1980 e que responde pela organização de milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo, muitos já devidamente assentatos e produzindo alimentos saudáveis graças à sua liderança.

“O objetivo do MST, desde o seu surgimento, é colocar para produzir as terras devolutas e aquelas que estão paradas nas mãos dos grandes latifundiários. E também evidenciar a luta pela terra”, pontua Bete, lembrando que enquanto o agronegócios conta com inúmeros subsídios do governo, para 80% da população do campo não há políticas públicas e as poucas que existiam estão sendo destruídas.

Conforme relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2013 até o ano passado, houveram 632 assassinatos envolvendo conflitos de terra. “A violência ocorre por ação direta do próprio Estado ou com a sua conivência, visto que não se apura os crimes e muito menos punem-se os culpados”, salienta Adriano.


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