Desinformação a serviço da privatização da Eletrobras

 

 

 

 

 

 

 

Para defender a privatização da Eletrobras o “Secretário de entrega do Patrimônio Público”, Salim Mattar, afirmou recentemente aos seus clientes banqueiros que “a empresa só tem capacidade de investir R$ 3 ou R$ 4 bilhões ao ano” e também que “vai diminuir o market share se não houver investimento anual de R$ 15 bilhões”.

Este texto tem como objetivo derrubar os dois principais argumentos utilizados por aqueles que defendem a privatização da Eletrobras:

  1. A Eletrobras só tem capacidade de investir R$3 ou R$4 bilhões ao ano;
  2. A privatização e a consequente descotização das usinas pertencentes à Eletrobras provocarão redução no preço da energia elétrica.

 Sobre a capacidade de investimento:

Começamos lembrando que a Eletrobras divulgou em novembro um Lucro de R$7,6 bilhões (acumulado entre janeiro e setembro de 2019). Em 2018, a empresa apresentou lucro de R$13,3 bilhões. São R$20,9 bilhões em menos de 2 anos.

Para além da Lucratividade, a Eletrobras tem demonstrado uma capacidade de investimento muito maior do que os R$3 bi/ano praticados atualmente. Isso fica claro quando observamos o robusto indicador de geração de caixa (LAJIDA) – R$12 bilhões/ano. Esse indicador, utilizado usualmente como medida para capacidade de investimento, revela que a empresa hoje possui plena capacidade financeira para ampliação de seus investimentos para muito além dos atuais R$3 bi previstos para 2019. Reforça esse argumento a queda do indicador de endividamento (alavancagem) da empresa (Dívida Líquida/LAJIDA) de 1,8x.

No setor Elétrico, as empresas costumam atuar com certa alavancagem, tanto assim que a média para esse indicador nas empresas privadas do setor está entre 3,0x e 5,0x. A sólida posição de caixa (R$9,6 bi em caixa), os R$15 bi de empréstimos concedidos e os recebíveis de mais de R$36 bilhões (RBSE) são outros elementos que se contrapõe àqueles que apontam apenas para a dívida da empresa como impedimento para realização de investimentos.

A Dívida da Eletrobras foi reestruturada recentemente, ficando uma parte a cargo das distribuidoras privatizadas e outra parte renegociada, com obtenção do alongamento dos prazos de pagamento a juros mais baixos. Com isso, estima-se que a Eletrobras possua hoje capacidade para Investir algo entre R$9 ou R$10 bilhões.

Cabe a reflexão sobre essa importante questão, e suas implicações, que a Alta Administração (Conselho de Administração e Diretoria Executiva) da Eletrobras precisa responder. Por que a Eletrobras está juntando e mantendo o Caixa da Empresa em elevados níveis? se, (i) o Governo diz que a Eletrobras precisa investir em geração e transmissão (mas não investe); e (ii) as taxas de juros caíram significativamente, tornando sem atratividade manter um volume elevado de recursos em aplicações financeiras (mas a Eletrobras mantém).

Fonte: Sindicato dos Urbanitários do DF


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