Venda de ações da Saneago é péssimo negócio para a população goiana
Por Máisa Lima (CUT Goiás)
Os deputados goianos aprovaram nesta terça-feira (5) – e devem referendar hoje em segunda votação – a venda de 49% das ações Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). Nove deputados votaram contra – Cláudio Meirelles (PTC), Adriana Accorsi (PT), Gustavo Sebba (PSDB), Lêda Borges (PSDB), Hélio de Sousa (PSDB), Rubens Marques (PROS), Henrique Arantes (MDB), Antônio Gomide (PT) e Lucas Calil (PSD).
“A Saneago tem 52 anos de atividade e seus índices de água tratada e esgotamento sanitário, mesmo sem os necessários investimentos no setor, estão entre os melhores do País. Conta com profissionais que desenvolvem projetos que são exemplo para o Brasil e atende os municípios goianos em suas necessidades técnicas na área de saneamento básico. Agora o governo de Ronaldo Caiado (DEM) quer entregar esse patrimônio para a iniciativa privada”, revolta-se o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de Goiás (Stiueg), João Maria de Oliveira.
João Maria alerta que uma vez aberto o capital da Saneago na Bolsa de Valores haverá um retrocesso grave nos direitos ao acesso ao saneamento básico para toda a população do Estado, especialmente a mais pobre. “Os investidores vão escolher onde aplicar seu dinheiro. Vão ficar com as grandes cidades, que dão lucro. Os pequenos municípios serão relegados à própria sorte”.
Fator Celg
O sindicalita lembra que Caiado foi eleito condenando a privatização da Centrais Elétricas de Goiás (Celg). “O povo não aprovou. O ex-governador Marconi Perillo pagou por isso. Os votos secaram. Caiado também vai pagar, pois a Saneago é uma empresa fundamental para o desenvolvimento do Estado”, prevê.
Como no caso Celg – vendida para a italiana Enel -, o projeto da venda das ações da Saneago não foi debatido com a população. “O povo está pagando o preço da venda da Celg. Quedas de energia, altas tarifas, funcionários sem capacitação, demora infindável na solução das demandas…”, enumera João Maria.
Hoje a Saneago atua em 226 municípios goianos. “Que investimentos serão feitos?”, questiona o presidente do Stiueg, lembrando que o Projeto de Lei (PL) da venda não garante que o dinheiro das ações seja investido em saneamento. “Foge do seu caráter social. A empresa vai sair enfraquecida, justamente em um momento em que a Saneago tem vários contratos não renovados com municípios”.
João Maria lembra a crise hídrica em São Paulo. “Não é culpa de São Pedro. Deixaram de fazer obras. Preferiram gerar lucros para os acionistas. Não tem garantia nenhuma de que os recursos oriundos dessa venda de ações serão investidos em saneamento Novamente os deputados deram um cheque em branco para o governo. São inimigos do povo”, declarou.