Organizações sociais do Maranhão realizam evento em homenagem a Josimo Tavares e Dorothy Stang

[Por Emilio Azevedo*] No primeiro semestre deste ano, um grupo de extrema direita de São Luis do Maranhão; desses bem raivosos; resolveu organizar um evento público, onde o padre Josimo Tavares e a irmã da congregação de Notre Dame, Dorothy Stang seriam, simplesmente, “denunciados” como “falsos mártires da Teologia da Libertação”.  A reação à covardia foi imediata. Diante do barulho, o Ceuma, a universidade particular onde iria ser promovido o evento, imediatamente recuou e os idealizadores optaram por cancelar tudo.

Em meio à reação, um grupo de treze organizações sociais do Maranhão decidiu organizar outro evento exatamente para homenagear Josimo Tavares, Dorothy Stang e outros mártires da terra. Como é do conhecimento público, os dois engrossam a triste lista dos que foram assassinados em emboscadas, a mando de latifundiários. Dorothy em 2005 (no Pará) e Josimo em 1986 (no Maranhão). A preocupação hoje é de que depois de serem mortos de bala, eles não venham a ser assassinados novamente, dessa vez no que se refere à memória.

Assim surgiu o Seminário “Vidas Ameaçadas: luta e resistência no campo e na cidade”, realizado agora, no dia 22 de agosto, dentro da Universidade Federal do Maranhão. Além das homenagens aos mártires, o seminário ouviu uma série de relatos sobre os conflitos existentes hoje no Maranhão, reafirmando as histórias de resistência de comunidades rurais e urbanas que seguem ameaçadas, denunciando a manutenção das diferentes formas de violência, muitas vezes ocorridas em nome de um suposto “desenvolvimento”.

Segundo Márcia Palhano, integrante da coordenação estadual da CPT, uma das entidades organizadoras do seminário, “preservar a memória de Dorothy e Josimo é reafirmar nosso compromisso com a causa”, além de “reafirmar que continuaremos na luta pela justiça”. Segundo ela, o seminário serviu para denunciar “os projetos de morte” promovidos pelo grande capital, incluindo o agronegócio. Anacleta Pires, do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, disse que o Seminário serviu para “entender melhor a violência que nos cerca” e para “aprofundar as nossas reflexões”.

O Seminário foi organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT-MA), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Apruma, Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), CSP Conlutas, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Saúde dos Povos, Irmãs de Notre Dame, Teia de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), Comissão de Direitos Humanos da OAB e Cáritas Brasileira.

*Emilio Azevedo é do Jornal Vias de Fato (MA) e colaborador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).


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