Massacres no campo e na cidade: a face violenta do golpe

[Por Maisa Lima – CUT-GO] Dois relatórios recentemente divulgados – Atlas da Violência 2018 e Confiltos no Campo Brasil 2017, produzidos, respectivamente, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), trazem números assustadores sobre a escalada da violência no Brasil pós-golpe.
Para falar sobre o assunto a Rádio Trabalhador (RT) – www.radiotrabalhador.com.br – recebeu no estúdio a coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado e presidenta da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT Goiás), Iêda Leal, e um dos fundadores da CPT, Antônio Canuto. O quadro que eles apresentaram é assustador.
Pela primeira vez o Brasil ultrapassou a marca de 30 homicídios por 100 mil habitantes. “Negros e pardos são 71,5% dos assassinados no Brasil. Enquanto os assassinatos de brancos cairam 6,8%, os assassinatos de negros aumentaram 23%”, denunciou Iêda.
Em relação à faixa etária, o Atlas informa que os homicídios respondem por 56,5% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no Brasil. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados – aumento de 7,4% em relação a 2015 –, sendo 94,6% do sexo masculino.  Desses, a maioria é negra. Em Goiás, 3.036 pessoas foram vítimas de mortes violentas intencionais somente em 2016.
Não constam nessa estatística os nove adolescentes que estavam sob a guarda do Estado e que morreram carbonizados num centro de internação em Goiânia (GO) no mês passado. “Isso é inadmissível, como o Estado devolve esses meninos às suas famílias em caixões e ninguém é punido?”, questiona a coordenadora do MNU.
Massacres
Sobre a situação no campo, Canuto chamou atenção para o grande número de massacres (ocasião em que três ou mais pessoas são assassinadas): foram cinco em 2017. Nada menos que 71 pessoas foram mortas na luta pela terra, principalmente trabalhadores sem terra, quilombolas e indígenas.
Para a CPT, o golpe de 2016 aumentou a violência e a impunidade no campo. “Desde 2003, a violência no campo no Brasil não era tão alta quanto foi em 2017. Naquele ano foram 73 pessoas assassinadas, enquanto ano passado a estatística macabra chegou em 71 pessoas mortas. O número é 16,4% maior que em 2016, quando aconteceram 61 assassinatos, e quase o dobro de 2014, com 36 vítimas”, aponta Canuto.
Apesar da escalada da violência, em 2017, só 8% dos casos de conflito no campo foram julgados no País. “A impunidade é um dos pilares da violência”, afirma a Comissão Pastoral da Terra. No ano passado, houve o equivalente a uma tentativa de assassinato a cada três dias.

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