Festival da Comunicação Sindical e Popular ocupa praça pública no Rio de Janeiro

Foto de Jaqueline Deister/Brasil de Fato

24 de julho é, graças à iniciativa do vereador Renato Cinco (Psol-RJ), o Dia Municipal da Comunicação Popular. A data é uma homenagem a Vito Giannotti, um incansável defensor da comunicação dos trabalhadores que faleceu nesse mesmo dia, no ano de 2015. Para lembrar a trajetória e honrar a memória desse grande lutador, o Núcleo Piratininga de Comunicação realizou, pelo segundo ano consecutivo, mais uma edição do Festival da Comunicação Sindical e Popular. Tudo aconteceu no dia 24 de julho de 2018 na Cinelândia, histórico bairro de lutas e resistência no Rio de Janeiro. Ao longo da terça-feira, o espaço público foi ocupado com exposição de materiais produzidos por sindicatos e movimentos populares; apresentações culturais; música; debates e aulas sobre temas variados, com o intuito de dialogar com quem passa diariamente pelo local.

Das 10h às 20h, a Cinelândia se tornou uma verdadeira Feira da classe trabalhadora. Cerca de 20 entidades, entre sindicatos e movimentos, montaram suas bancas, exibiram e comercializaram suas publicações. Foi também um momento de encontros e trocas de experiências entre categorias diferentes, que vêm produzindo os mais variados tipos de comunicação. Além da exposição, houve, ainda, rodas de conversa inspiradas pelo cinquentenário do histórico ano de 1968. Naquele período, enquanto ventos de liberdade e subversão sopraram pelo mundo graças ao Maio Francês, o Brasil vivia sob um regime ditatorial e viu, em dezembro, a radicalização da opressão sobre os trabalhadores, com a promulgação do Ato Institucional nº 5. Apesar da violência praticada pelo Estado, foi tempo de muita resistência e distintas formas de enfrentamento.

Para falar sobre tudo isso que aconteceu e o que podemos aprender para agir no presente, o dia começou com um debate com a participação de Dulce Pandolfi e Cid Benjamin, que foram da resistência armada à ditadura. Na mesma conversa, Stan Szermeta deu um depoimento sobre sua participação na histórica greve dos trabalhadores da Cobrasma, de Osasco, em 1968, ressaltando a importância da organização dos trabalhadores pela base.

Depois, Darlan Montenegro refletiu sobre as heranças de 1968, ressaltando como as mudanças nos costumes estavam vinculadas a uma luta pela transformação da sociedade. Esse aspecto, em sua avaliação, precisa ser retomado com urgência nos dias de hoje, para que se vislumbre, no horizonte, um outro mundo, justo e igualitário.

Às 14h, Luis Eduardo Mergulhão e Alberto Dias falaram sobre a herança do pensamento de Che Guevara e de Carlos Marighella. Dentre alguns ensinamentos dessas duas figuras históricas, ambos destacaram a união entre teoria e prática, o que precisa ser urgentemente resgatado por aqueles que se dizem herdeiros desses grandes revolucionários.

E, como não podia faltar, no final do dia foi realizada uma grande roda de conversa sobre “Liberdade de expressão nas favelas cariocas ontem e hoje”. Nesse momento, os participantes falaram sobre suas trajetórias na comunicação popular, os desafios colocados hoje e a importância de sua atuação em jornais, rádios e nas redes sociais, inclusive para garantir a sobrevivência de quem mora em locais onde cotidianamente são desrespeitados os direitos humanos.

Júlio Lacerda, do Morro Jorge Turco; Valéria Barbosa, da Cidade de Deus; Naldinho Lourenço, da Maré; Diquinho, do Alemão; André, do Morro da Formiga; e José Claudio Alves, da Baixada, foram alguns dos que deram seus depoimentos. A mediadora do debate foi a jornalista e coordenadora do NPC, Claudia Santiago, uma referência nessa área. Ela é idealizadora e coordenadora do Curso de Comunicação Popular do NPC, que há mais de dez anos vem formando comunicadores comunitários de diversos bairros da cidade.

Apresentações culturais garantiram a animação do dia

“Meu Ofício”, com Carlos Maia

O teatro, o funk, o hip hop, o jongo e a ciranda também são formas de se comunicar. Por esse motivo, também constaram na programação do Festival. O ator Carlos Maia apresentou a performance “Meu Ofício”, com a participação de Vanessa Úrsula. Depois, Julião, Paulo Lacerda e o Repper Fiell cantaram funk e hip hop. Lúcio Sanfillipo fechou a noite com o jongo e a ciranda. A seguir, algumas fotos feitas por Annelize Tozetto, do Terra Sem Males, uma entidade parceira do NPC e da Teia de Comunicação Popular.


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