Estudantes de Etecs protestam contra extinção de cursos pelo governo de SP

Alunos reivindicam que o governo Doria desista de acabar com cursos, já em andamento, abra novas vagas no vestibulinho e prorrogue as inscrições

Rede Brasil Atual

Plano Plurianual do governo tucano aponta intenção de excluir 20 mil jovens da formação técnica

São Paulo – Estudantes de Escolas Técnicas Estaduais (Etec) de São Paulo protestaram hoje (31) contra a extinção de cursos que está sendo realizada pelo governo de João Doria (PSDB). O vestibulinho aberto pelo Centro Paula Souza (CPS), que administra as Etecs, não contempla os cursos de Produção de Áudio e Vídeo, Museologia e Hospedagem – este, especificamente, na unidade Santa Ifigênia –, por exemplo. A medida faz parte do projeto do governo tucano de reduzir a oferta de vagas em cursos técnicos e em universidades paulistas.

Dados do Plano Plurianual (PPA) do governo tucano demonstram sua intenção de reduzir o número de vagas em cursos nas Etecs de 117,6 mil para 97 mil, até 2023, excluindo cerca de 20 mil jovens da formação técnica. Cristina Rose, estudante de Produção de Áudio e Vídeo da Etec Jornalista Roberto Marinho, ressaltou que o curso era o único gratuito na área na capital paulista e que a medida vai prejudicar principalmente os jovens pobres. Confira o depoimento dela no vídeo:

Os estudantes fizeram panfletagens e usaram uma caixa de som pra apresentar suas reivindicações à direção do Centro Paula Souza (CPS), contra a extinção de cursos nas Etecs. Mas desde as 13h, a segurança do local trancou portões e montou vigília.

“Queremos que sejam abertas vagas para o

curso de Produção de Áudio e Vídeo, assim como sejam abertas vagas para os cursos de Museologia, de Hospedagem da Etec Santa Efigênia e todos os outros que não terão novas vagas já para o próximo semestre”, explicou Juliano Angelim, aluno da Etec Jornalista Roberto Marinho (JRM), na zona sul.

Além de não oferecer novas vagas para o curso de Produção de Áudio e Vídeo, a Etec que Angelim estuda abriu vagas para dois cursos de NovoTec Integrado: Informática para Internet e Marketing, ambos para o período da tarde.

“Percebemos que há uma escolha em privilegiar essa nova modalidade do ensino médio em detrimento do ensino técnico noturno. Sabemos que os estudantes do período noturno são, em grande parte, pessoas que trabalham de dia. E que optam pelo curso técnico também por não ter dinheiro para um curso ou faculdade particular. Parece também uma forma de reduzir a presença da classe trabalhadora no ensino técnico”, afirmou.

O NovoTec integrado é um novo formato de curso em que o estudante faz o curso técnico junto com o ensino médio, no mesmo período. Os estudantes reclamam que os cursos, no entanto, são menos aprofundados que os do ensino técnico regular e só podem ser frequentados por estudantes do ensino médio, excluindo os que já concluíram.

Além disso, por ser em apenas um período, os alunos não recebem almoço. No entanto, as aulas chegam a 6 horas diárias.

A deputada estadual Mônica Seixas, da Bancada Ativista (Psol), considera a extinção de cursos nas Etecs como mais um passo no desmonte das políticas que o país vem vivendo.

“Doria, assim como o governo federal, segue a lógica de desmonte dos serviços públicos e ataques a educação em todos os níveis. Agora ele usa as Etec como laboratório para seu projeto de ainda mais precarização do ensino médio a ser posteriormente implementado em todas as escolas estaduais de São Paulo. O Novotec, ao contrário do que tem sido propagandeado pelo governo, pretende fechar cursos e modificar a grade curricular para atender a demanda do mercado, e ainda permitir a contratação de professores ‘autônomos’ sem direito a férias, 13º salário ou licença médica por exemplo”, afirmou.

Gustavo do Nascimento, aluno de Museologia da Etec Parque da Juventude, em Santana, considera absurdo encerrar um curso que é o único do estado de São Paulo. “No Brasil existem 14 universidades que possuem o curso de Museologia e nenhuma delas está em São Paulo. Para cursar aqui, só fazendo mestrado pela USP.

O único curso técnico de Museologia que existe no Brasil, ou existia, é o da Etec Parque da Juventude. É um curso muito respeitado no meio. Praticamente todo museu na cidade de São Paulo tem, ou teve, um funcionário que passou pelo curso da Etec. Todos os professores do curso são atuantes na área”, explicou.

Segundo Nascimento, desde setembro circulam informações sobre a extinção de cursos nas Etecs. Não há vagas para o curso de Museologia no Vestibulinho aberto. O estudante contou que procurou a ouvidoria do CPS e foi informado que o curso seria “fechado para uma revisão”. Mas lembra que em 2011 houve outra tentativa de encerrar o curso, barrada pela mobilização dos alunos. Em 2016, estudantes ocuparam o CPS contra a reforma do ensino médio.

“O principal argumento para o fechamento é a evasão. Sim, ela ocorre, mas não de uma maneira estrondosa como falam. Estou no segundo módulo. Minha sala começou com 40 e hoje tem 30. Mas, de todos os cursos da unidade, o de Museologia tem a segunda maior demanda, só perde para Enfermagem”, afirmou.


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