Em meio a ameaças, Sindicato dos Jornalistas de Goiás realiza congresso
Por Maísa Lima (CUT Goiás)
Começa nesta sexta-feira (9), em Goiânia (GO), o 8º Congresso Estadual dos Jornalistas de Goiás, cujo tema é Afirmar o Jornalismo e o papel dos Jornalistas: função social, viabilidade econômica e desafios da profissão. O evento, que se estende até amanhã, acontece no Auditório Costa Lima da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
O congresso acontece em um momento em que a perseguição a jornalistas está na ordem do dia. Que o digam o afastamento do saudoso Paulo Henrique Amorim do programa Domingo Espetacular, da Record, e a demissão de Marco Antonio Villa da Jovem Pan. Sem falar em Rachel Sheherazade, do SBT, que também foi colocada na linha de tiro dos bolsonaristas. E olha que destes, PHA era o único a ter um perfil identificado com a esquerda.
Em seu blog o jornalista Altamiro Borges avisou: “essas perseguições evidenciam que o Brasil está vivendo uma perigosa regressão. A democracia está sendo asfixiada”. E continua: “os fascistas estão excitados – perseguem, exigem demissões e não vacilariam, inclusive, em promover agressões físicas, em bancar crimes”.
Miro não exagera. Em entrevista à Rádio Trabalhador (www.radiotrabalhador.com.br) nesta sexta-feira (9), o presidente eleito do Sindjor-GO Cláudio Curado disse que foi preciso criar um esquema de segurança para garantir a conferência de Leandro Demori, editor executivo do The Intercept Brasil, canal responsável pela divulgação dos áudios que comprometem sobremaneira o ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro; e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.
“Demori está sofrendo ameaças. É preciso garantir sua integridade física. Enquanto acontecem todas essas perseguições, os jornalistas estão sendo obrigados pelo mercado a tornarem-se empreendedores individuais. É preciso que a categoria se posicione politicamente. As entidades sindicais estão sendo atacadas de todas as formas”, pontua Cláudio.
Relatório publicado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em 2018, registrou dez casos de censura aos profissionais da imprensa. Durante o período eleitoral, por exemplo, a direção do jornal cearense O Povo proibiu os jornalistas contratados de participarem do ato “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”. Em agosto do ano passado, trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) denunciaram, em dossiê, censura na empresa, com veto a reportagens, de um lado, e indução a coberturas favoráveis ao governo em outro.
Tsunami da educação
O sindicalista Napoleão Batista Ferreira da Costa, por sua vez, falou da sua preocupação com os cortes promovidos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) na educação. “Quase R$ 1 bilhão foram retirados do Ministério da Educação (MEC) para irrigar o bolso dos deputados federais que votaram a favor da reforma da Previdência”, destacou.
Cláudio e Napoleão criticaram o que chamaram de mediocridade do governo federal. Por outro lado apontaram que existe intencionalidade nas bobagens que este comete diariamente pelas redes sociais: desviar a atenção da população enquanto as pautas de interesse da direita vão sendo aprovadas a toque de caixa, com consequentes ataques aos direitos da classe trabalhadora e o desmonte de políticas públicas.
Uma manifestação está sendo convocada para a próxima terça-feira (13) pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e pelo Fórum Goiano Contra as Reformas Trabalhista e da Previdência: o Tsunami em Defesa da Educação e contra a reforma da Previdência. Em Goiânia o ato acontecerá às 15 horas, na Praça Universitária, de onde os participantes seguirão em passeata até a Praça do Bandeirante, no Centro da cidade. Estão sendo articulados protestos também em cidades do interior, como Catalão, Goiás, Anápolis e Jataí, entre outras.