Dom Pedro Casaldáliga apresenta quadro estável; bispo deve ser transferido para SP
Aos 92 anos, bispo emérito da Prelazia de São Félix está internado desde a última semana com insuficiência respiratória
Expoente na luta contra a ditadura militar brasileira, Dom Pedro Casaldáliga, Bispo emérito da Prelazia de São Félix, apresenta quadro estável, informou a Prelazia de São Félix do Araguaia por meio de nota.
O bispo está internado desde a última semana em um Hospital de São Félix do Araguaia, devido a um quadro de insuficiência respiratória. Aos 92 anos de idade, Casaldáliga também sofre do Mal de Parkinson.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Paulo Maldos, amigo de Dom Pedro, afirma que a possibilidade de transferência do bispo por meio de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea para Santa Casa de Batatais, em São Paulo, está sendo estudada.
“Ele está no Hospital de São Félix, com quadro estável, com a questão da idade e do Parkinson. Mas o quadro é estável. É frágil mas não é de uma fragilidade tão extrema. A questão, inclusive, de levá-lo para São Paulo, está colocada”, afirma.
Maldos está em contato direto com os Claretianos, congregação a qual Casaldáliga pertence e que está responsável pelo cuidado do religioso. Ainda segundo ele, as sequelas de uma tuberculose desenvolvida no passado, somadas à idade, tornam o quadro preocupante. Mas há uma equipe médica constante monitorando o religioso, que conta com o suporte necessário para ser tratado neste momento.
Diversos veículos da imprensa brasileira noticiaram erroneamente que Dom Pedro Casaldáliga teria falecido nesta terça-feira (4).
“Ele está sendo muito cuidado. Tem uma equipe de padres que se revezam. É muito importante falar para as pessoas se referenciarem na fonte primária. De quem está ali do lado dele. Essa história [da morte] está se espalhando como um vírus. Já atingiu a Europa, meios de comunicação na Espanha”, critica.
“Os cuidadores pediram: por favor, esperem a nossa palavra. A nossa avaliação, nosso relato. Nos escutem”, ressalta.
Trajetória
Nascido em uma aldeia há quilômetros de Barcelona, na Espanha, em 1928, Dom Pedro Casaldáliga Plá é de família camponesa. Desembarcou no Brasil em 1968, em plena ditadura militar, e foi consagrado bispo em 1971, quando lançou a Carta Pastoral por Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social. O texto ficou conhecido nacional e internacionalmente e marcou o perfil do missionário como porta-voz de índios e agricultores.
O bispo também é um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que até hoje atua na defesa de indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores do campo.
Além de sua atuação junto aos pobres e em defesa da democracia, Casaldáliga também se destaca por suas poesias que abordam a urgência da reforma agrária e da luta contra o agronegócio. Confira:
“Por onde passei, plantei a cerca farpada, plantei a queimada.
Por onde passei, plantei a morte matada. Por onde passei, matei a tribo calada,
A roça suada, a terra esperada… Por onde passei, tendo tudo em lei, eu plantei o nada.”
Confissão do Latifúndio
Edição: Leandro Melito
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