Amigos da Terra Brasil interpela General Motors por comercial da Picape S10 2018
(Por Katia Marko – Amigos da Terra Brasil) Na Semana do Meio Ambiente, dia 7 de junho, o Amigos da Terra Brasil protocolou interpelação judicial em face do comercial da Picape Chevrolet S10 2018 da General Motors do Brasil LTDA, além de denunciá-la também, pelo mesmo fato, ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). O comercial em questão enaltece o agronegócio, afirmando que irá continuar a fazer o que sempre fez, apesar das críticas que recebe (https://www.brasildefato.com.br/…/artigo-or-o-agronegocio-…/).
Estas ações são decorrentes da parceria da Amigos da Terra com um Coletivo de Advogados (as) Ambientalistas, formado no Estado do Rio Grande do Sul, preocupados com uma atuação mais efetiva em defesa do meio ambiente junto ao judiciário brasileiro e ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
Logo no início da propaganda aparece o protagonista lendo uma matéria em seu celular que diz “Agronegócio e desmatamento”, que simbolizaria as referidas críticas dirigidas a este setor empresarial. Além disto, o anúncio traz a ideia de que as críticas dos ambientalistas ao agronegócio são indevidas e que, assim, não cumpririam um papel relevante ao país. Porém, diversos estudos comprovam o malefício do agronegócio ao país e à saúde das pessoas.
Segundo a Amigos da Terra Brasil, a propaganda não traz informações compatíveis com a realidade, confundindo agronegócio com agricultura familiar. É a agricultura familiar, essa sim, que alimenta as famílias brasileiras: é responsável por 70% dos alimentos que chegam à mesa no país (link – https://noticias.uol.com.br/…/agricultura-familiar-responde…).
Desta forma, a Amigos da Terra interpelou a GM para saber se ela tem consciência das informações equivocadas que difunde e que estaria violando o Código de Defesa do Consumidor, em inúmeros dispositivos, inclusive realizando propaganda abusiva por desrespeitar valores ambientais (artigo 37§2º, do CPC).
Renato Barcelos, do Coletivo de Advogados Ambientalistas, junto com Pedro Bigolin Neto e Rodrigo de Medeiros, afirmam que “a suposição de ‘levantar cada vez mais cedo’ para ‘carregar o país nas costas’ opera como critério de legitimação de um discurso que desautoriza a defesa do meio ambiente como se esta fosse um obstáculo para a produção de alimentos e demais produtos oriundos do campo.”
Além disso, ao formatar um discurso em “nós x eles”, “agronegócio x ambientalistas”, a propaganda menospreza o importante trabalho de defensores e defensoras de direitos no campo, que são alvo de crescente violência, manifestada das mais diversas formas. É importante ressaltar que, de acordo com relatório publicado pela ONG Global Witness, o Brasil lidera o ranking de assassinatos de ativistas ambientais em 2017. Dentro deste contexto, portanto, o comercial abre a possibilidade para que perpetradores destas violências sintam-se apoiados.
Espera-se que a GM possa observar o equívoco, as ilegalidades e irregularidades que está cometendo para que retire o comercial do ar e possa reparar a imagem dos ambientalistas atingida.
Veja aqui o comercial: https://www.youtube.com/watch?v=KygKd4CHxu0