Ameaçado por Bolsonaro, Consea realiza “conferência da resistência” em Porto Alegre

Sob ataque do governo, conferências estaduais têm o desafio de rearticular ações em defesa da vida e contra a fome

Marcos Corbari

Brasil de Fato | Hulha Negra (RS)

Conferência inicia nesta quarta-feira (16), em Porto Alegre / Divulgação

O Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea-RS), juntamente com a Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar (Caisan-RS) e o Governo do Estado, realiza entre os dias 16 e 18 de outubro a VII Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, no Teatro Dante Barone, da Assembleia Legislativa. A Conferência faz homenagem póstuma ao nome de Brizabel Rocha, militante incansável nas lutas pela soberania e segurança alimentar e nutricional, conselheira do Consea e uma das fundadoras do Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Fesans-RS).

“Essa será a nossa Conferência da resistência”, afirma Juliano de Sá, membro da comissão organizadora e representante da Frente Parlamentar Gaúcha em Defesa da Alimentação Saudável. Na sua avaliação, a recente ação do presidente Jair Bolsonaro, destituindo o Consea em nível nacional, dá ainda mais relevância para o debate em nível estadual. “Em 1995 o então presidente Fernando Henrique Cardoso já havia tentado destituir o Consea, mas resistimos e se retornou com muito mais força”, relembrou, destacando que o caráter de resistência é justamente devido ao cenário de opressão imposto pelo Governo Federal. “Vamos contar com o esforço militante daqueles e daquelas que fazem parte da luta pelo tema da segurança alimentar no estado”, acrescentou.

Volta da fome: militantes deram o alerta em 2018

Durante o período pré-eleitoral em 2018, oito militantes de movimentos ligados à Via Campesina deram o alerta a respeito do possível retorno da fome ao Brasil. “Nos mobilizamos no sentido de denunciar a prisão ilegal do presidente Lula e colocamos como motivação maior da nossa ação a denúncia da volta da fome como flagelo contra a população mais pobre”, explica Frei Sérgio Görgen, que juntamente com Jaime Amorim, Zonália Santos, Rafaela Alves, Gegê Gonzaga, Vilmar Pacífico e Leonardo Soares, manteve-se durante 26 dias sem alimentos. “Era um sacrifício que considerávamos pequeno, algumas pessoas que passavam fome por alguns dias para ajudar a evitar que milhões de pessoas ficassem submetidas a passar fome por toda sua vida”, comentou.

A greve foi encerrada, Lula não pôde ser candidato, Bolsonaro foi eleito e a economia – sob a tutela do neoliberal Paulo Guedes – está em situação ainda mais grave do que no período do golpe. “Muita gente considerou que a greve de fome foi derrotada porque não alcançou seus objetivos, mas hoje nós vemos que derrotados não fomos nós e sim a Constituição e o povo brasileiro que está a cada dia mais exposto ao flagelo da fome, à miséria e à supressão de direitos”, conclui.

 

 


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