Vídeos ao vivo, redes sociais e impresso como práticas de comunicação sindical
Professor de comunicação, jornalista e presidente de sindicato expõem seus pontos de vista sobre a melhor forma de falar com a base
Vídeo ao vivo no facebook, jornal impresso diário ou execução de um planejamento que prevê toda a estrutura complementar para dialogar com a base? Para a jornalista Luciana Araújo, coordenadora de comunicação em sindicato, é preciso refletir se a entidade quer ser de luta ou balcão de serviços. Já o presidente de sindicato Augusto Vasconcelos acredita que a comunicação da entidade deve atuar criação de oportunidade para o trabalhador mudar de hábito através das sensações e das emoções. O professor de comunicação Marcelo Chamusca acredita que uma live apresentada como qualquer outro produto jornalístico, com planejamento para entrevistas, divulgação de data e hora marcada e com tomadas curtas tem grande potencial de inserção.
Esse leque de abordagens norteou a temática da última mesa desta quinta-feira, 31 de maio, durante o 6º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, realizado em Salvador: “Comunicar é preciso: o diálogo com a base e a relação entre os novos e os clássicos meios de comunicação”.
Augusto acredita que a informação para o trabalhador de base não deve ser só informativa e que entregar pessoalmente um jornal impresso para clientes de agências bancárias, por exemplo, pode oportunizar pela mudança de hábito um avanço para “furar a bolha”. Para ele, ideologia não muda, afirmando que dirigentes sindicais e a comunicação devem ter ousadia, citando linhas teóricas de Lukacs e Paulo Freire. Para ele, a luta sindical é a contestação porque o capital aceita o sindicato como movimento organizativo mas não admite ultrapassar o limite com a luta política.
Ao falar sobre o movimento dos caminhoneiros, afirmou que independente do que caracteriza, greve ou locaute, é a demonstração que parcela gigante de trabalhadores despertou para a luta coletiva.
O professor Marcelo Chamusca deu algumas dicas de como potencializar lives pelo aspecto estratégico de disputar de fato a hegemonia narrativa a partir do local (de um ato, evento) e defende a hibridização da comunicação digital com a tradicional e que com a facilidade das tecnologias, o indivíduo está sempre em mobilidade e as estratégias de comunicação devem pensar sob este viés.
A jornalista Luciana Araújo criticou as relações de trabalho entre dirigentes sindicais e profissionais jornalistas desde o planejamento de comunicação, o direcionamento de orçamentos, a precarização do trabalho com a naturalização de profissionais multifunções, da imposição de pensamentos de correntes ideológicas em detrimento do debate sobre os mais variados temas que possam atrair a categoria, a base. “O dirigente critica o site, a matéria, a cobertura, mas nunca reflete sobre a possibilidade que talvez a comunicação dele com a base não esteja fluindo”, disse, lembrando que essa também é uma relação de capital e trabalho.
O Seminário continua nesta sexta-feira, 01 de junho.
Por Paula Zarth Padilha, do Terra Sem Males
Para a FETEC-CUT-PR
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