Marcha no Centro Cívico denuncia risco de despejo da Ocupação Dona Cida

Paula Zarth Padilha, 26/10/2018

Prefeito Rafael Greca cercou área da Prefeitura com cordas e enfileirou guardas municipais dentro do prédio, mas mandou dizer que não esperava manifestação no local

 

Moradores da Ocupação Dona Cida, que reúne cerca de 400 famílias no bairro CIC, em Curitiba, se manifestaram em marcha no Centro Cívico, na manhã desta sexta-feira, 26 de outubro, para ato público que denuncia risco iminente de despejo após decisão judicial de reintegração de posse.

Uma carta de reivindicação seria apresentada ao prefeito Rafael Greca, solicitando sensibilidade em relação aos problemas sociais e de moradia, para que houvesse o compromisso de regularização da área e permanência das famílias, evitando desalojamento de 140 crianças. Mas o que encontraram foi a sede da prefeitura cercada com cordas.

Uma comissão de representação dos moradores da ocupação foi redirecionada para reunião na sede da Cohab, que fica a poucos quilômetros dali, no calçadão da Rua XV. Os moradores da Dona Cida, que contavam com a solidariedade das famílias das ocupações Tiradentes, Nova Primavera e 29 de Março, permaneceram em frente à Prefeitura.

A marcha foi simbolicamente liderada por famílias haitianas que moram nas ocupações, que abriram a manifestação levando a bandeira, seguidas pelas mães que carregavam seus filhos no colo, em carrinhos, caminhando. Por homens e mulheres, por pessoas idosas e por apoiadores da causa, que foram prestar solidariedade.

Renato Freitas, advogado militante das periferias, afirmou que essa era uma luta digna, pelo mínimo, e que as leis não são respeitadas quando é para o pobre.

A advogada Mariana Auler, do Instituto Democracia Popular, disse para os manifestantes que essa luta é popular, do povo nas ruas, mas que da parte dos advogados a luta também seria até o fim com as armas do direito, referindo-se ao suporte jurídico e de negociação que entidades como o IDP e a Defensoria Pública atuam para reverter a decisão judicial.

A defensora pública Olenka Lins também estava na Prefeitura, para acompanhar a reunião que não teve com o prefeito. Ela afirmou que sua presença era para intermediar de forma pacífica uma solução para os moradores.

Os vereadores Goura e Professora Josete também compareceram à manifestação para apoiar as famílias das ocupações e reiteraram a defesa do direito à moradia como direito que o poder público tem obrigação de garantir.

Após a marcha, as famílias permaneceram em vigília em frente à Prefeitura, aguardando retorno da reunião com a presidência da Cohab, a companhia de habitação popular do município.

As advogadas do IDP Mariana Auler e Sylvia Malatesta acompanharam a negociação, com a presença do presidente da Cohab, José Lupion Neto, em que foi definida uma nova reunião na próxima segunda-feira, 29 de outubro, às 16h, para que o órgão dê retorno das demandas. “É uma importante reabertura de diálogo para a solução desse conflito. As famílias não podem morar eternamente sob risco de despejo”, avalia Sylvia Malatesta.

 

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