Jornalistas lançam livro sobre periferias de Belém e região metropolitana

Primeiro volume da coleção “Arenas Amazônicas” trata de coletivos do movimento negro, mulheres e cultura.

Arenas Amazônicas: negros, mulheres, periferia, cultura e resistências, livro de Rogerio Almeida, Lilian Campelo e Daniel Leite Junior.

Arenas Amazônicas: negros, mulheres, periferia, cultura e resistências, livro de Rogerio Almeida, Lilian Campelo e Daniel Leite Junior.

“Arenas Amazônicas: negros, mulheres, periferia, cultura e resistências” será lançado terça-feira, dia 17, às 19h no espaço cultural Apoena, dentro da agenda do Prêmio Exu de Música Afro-brasileira. O evento vai premiar músicos, intérpretes e compositores negros seja de comunidades quilombolas ou de povos tradicionais de matriz africana.

A obra é composta por sete narrativas assinadas pelos jornalistas Rogerio Almeida, Lilian Campelo e Daniel Leite Junior. A maior parte dos textos foi publicada pelo site paulista Agência Carta Maior. O conjunto de reportagens sublinha ações coletivas de jovens e pessoas mais experientes em diferentes flancos: cultura, política, direitos humanos e cidadania. A obra tem o patrocínio do Bando da Amazônia.

Os textos foram produzidos quando o educador Rogerio Almeida ainda era ligado ao setor privado, e morava em Belém. Na época Almeida era vinculado à Unama, Universidade da Amazônia. A ideia em produzir a coleção soma mais de seis anos, e só agora foi possível viabilizar o primeiro volume, que contempla frações da história das professoras Zélia Amador e Hecilga Veiga e da ativista do movimento negro Nilma Bentes.

As periferias da insular Belém, a exemplo da Pedreira, Icoaraci, Terra Firme e Guamá, e região metropolitana, caso do bairro da Guanabara são notados fora do esquadro comum dos meios de comunicação da cidade, que preferem o aspecto policialesco.

Os personagens; Grafiteiros, DJs, educadores, professores, estudantes, biscateiros, aposentados e desempregados são personagens da obra. Estes, a partir de inúmeros coletivos se impõem como protagonistas de sua própria História, onde afirmam suas identidades coletivas ou individuais como negros, artistas, cidadãos das “quebradas”, que em Belém são conhecidas como baixadas.

Na narrativa os rios serpenteiam a cidade cortada por canais. Num deles, o dos Mundurukus, à Rua dos Pretos, migrantes maranhenses oriundos do município de Cururupu, Baixada Maranhense a partir do Tambor do Crioula e da Escolinha do Reggae delimitam seus territórios como migrantes negros do vizinho estado. Assim, tambores de crioula, danças, canções, manifestações religiosas e ocupação de espaços públicos e ações em mídias digitais são alguns dos recursos usados.

Na Pedreira, bairro do amor e do samba, à Rua Álvaro Adolfo, o Coletivo Rádio Cipó germinou. O mesmo aglutinou gerações diferentes. O grupo hoje extinto, ganhou o mundo nos anos 2000. A vedete Dona Onete segue carreira com boa aceitação no país e fora dele. Os diferentes artífices continuam a atuar, a exemplo do DJ Montalvão, que segue em sua carreira autoral.

As mulheres ocupam lugar de destaque do volume um da série. Thiane Neves e Nega Suh são jovens ativistas do movimento negro, que em certa medida seguem os exemplos das pioneiras Zélia Amador e Nilma Bentes. Diferentes gerações ocupam a mesma trincheira.

Outra experiente ativista incensada no livro é a professora Hecilda Veiga. Histórica militante pela defesa dos direitos humanos do estado encerra a obra. A professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e o seu companheiro, o advogado Paulo Fontelles, assassinado na década de 1980 por defender camponeses na luta pela reforma agrária foram fundadores da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH).

Arenas Amazônicas – O projeto da coleção é a publicação de três volumes. O segundo tomo enfocará a peleja das populações locais e suas formas de enfrentamento aos grandes projetos. Encontra-se em fase de revisão, e até o início de maio poderá ser baixado na grande rede. O terceiro tem a ambição de tratar sobre a comunicação popular. Este consta em fase de pesquisa e produção.

Sobre os autores

Rogerio Almeida – maranhense de São Luís/MA é graduado em Comunicação Social pela UFMA, e possui especialização e mestrado em Planejamento do Desenvolvimento pelo NAEA/UFPA, com pesquisa laureada com o Prêmio NAEA. Atualmente cursa doutorado em Geografia Humana/USP. É professor do Curso de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: araguaia_tocatins@hotmail.com.

Lilian Campelo – paraense de Belém é graduada em Comunicação Social pela Universidade da Amazônia – Unama/PA. É Especialista em Gestão de Conteúdo em Comunicação pela Metodista/SP e trabalha como correspondente na região Norte para o site Brasil de Fato. E-mail: liliancampelo13@gmail.com.

Daniel Leite – formado em Comunicação Social – Jornalismo, com pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos em Comunicação e Cultura da Universidade de São Paulo (USP), mas também é escritor e compositor quando o silêncio permite uma travessia escrita. No ano de 2015, fundou a Lêstrada, por onde lançou seu primeiro livro de poesia chamado “Alguém para quem”, junto com o CD “Quem para alguém” com canções dos poemas do livro, os dois projetos participaram do “Panorama Internacional de Zines e Publicações Independentes 2015” realizado pela Ugra Press para o Ugra Zine Fest no Centro Cultural de São Paulo.

No ano de 2016 realizou o Festival de Arte Livre Lêstrada na cidade de Belém-Pará por meio do edital de “Intercâmbio cultural” do Ministério da Cultura aprovado com a Lêstrada. Também, faz pesquisas com performances por meio do projeto “A luz semi-aberta do Stradentrus” construída para conclusão do curso “Interfaces Contemporâneas: processos híbridos de criação” na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro e a ação performático-literário “Poeme-se” realizada desde 2014 quando participou da Ocupação Solar das Artes e da Virada Cultural Belém, assim como, também, por meio da sua pesquisa em criação literária realizou nos anos de 2016 e 2017 a oficina de “Escrita Criativa” na Fundação Cultural do Pará – Casa da Linguagem. Email: danielleitejunior@gmail.com.

SERVIÇO: Lançamento do livro Arenas Amazônicas: negros, mulheres, periferia, cultura e resistências
Onde: Espaço Cultural Apoena, na Av. Duque de Caxias, 450 (esquina da Tv. Antônio Baena)
Dia: 17 de abril
Hora: 19h
Preço: R$20,00


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