Gamellas são ameaçados em territórios entre Matinha e Viana, na Baixada Maranhense

Antes de completar um ano do ataque ao povo indígena Akroá Gamella, que ocorreu no dia 30 de abril do ano passado, na zona rural de Viana, resultando em 23 feridos, os indígenas ainda continuam sofrendo ameaças. Inclusive, existe a possibilidade de eles serem atacados durante a festa do Bilibeu. Este evento tradicional está ocorrendo desde o último dia 19 e vai se estender até domingo, 22.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos 32 anos, 157 pessoas foram assassinadas no Maranhão em conflitos no campo, o que coloca o estado em segundo no ranking nacional, atrás apenas do Pará. Somente no ano passado, foram cinco mortes e entre as vítimas estão indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.

Essas informações foram apresentadas durante coletiva ocorrida nesta sexta-feira, na sede da CPT, na rua do Sol, no Centro, com a presença da assessora jurídica do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Vivian Vazzi; e representantes do CPT, o advogado Rafael Silva; Antônio Gomes de Moraes e Lenora Silva. Vivian Vazzi declarou que os Akroá Gamella estão sofrendo um “Racismo Institucional”, considerado um povo atrasado e contra o desenvolvimento local. Ela disse ainda que ocorreram boatos na Baixada Maranhense de que essa comunidade indígena realizaria ataques no interior neste fim de semana, mas, na verdade, o que está acontecendo é a festa do Bilibeu. “Esse evento é uma festa anual desse povo e ocorre há décadas com a realização de vários rituais”, explicou a assessora jurídica do Cimi.

Para Rafael Silva, essa foi uma desculpa encontrada pelos “brancos” para realizar um ataque a esse povo indígena, possivelmente durante o Bilibeu. Ele declarou que nesta sexta-feira, 20, os representantes do Cimi e da CPT impetraram um pedido de segurança para esse povo no Ministério Público Federal (MPF) do Maranhão. Lenora Silva disse que o povo Akroá Gamella, no momento, é composto por 250 famílias e vive na zona rural de Viana e Matinha. Os adolescentes para estudarem são obrigados a sair da comunidade e ainda são ameaçadas de mortes. Elas também são ameaçadas de atropelamento por veículos conduzidos por “brancos”. Lenora Silva declarou, ainda, que as vítimas do ataque ocorrido ano passado, inclusive, aquelas que tiveram membros decepados, até o momento não receberam nenhum tipo de benefício por parte do Poder Público Estadual ou Federal e atualmente vivem de ajuda de vizinhos ou parentes.

Assassinatos

De acordo com as informações da Comissão Pastoral da Terra, 157 pessoas foram assassinadas nas últimas três décadas no estado em conflitos no campo. Apenas em cinco casos os acusados foram julgados. No ano passado ocorreram cinco mortes no Maranhão. O primeiro caso ocorreu no dia 6 de março e as vítimas foram Sônia Vicente Cacau Gavião, conhecida como Cry Capric; e José Caneta Gavião, o Cu Carut, no território indígena Governador, em Amarante do Maranhão. Há informações de que o casal foi assassinado em represálias à atuação do povo indígena contra práticas ilegais de extração de madeira dentro de seu território. O outro caso foi registrado no dia 12 de abril, na comunidade Quilombola do Charco, em São Vicente de Ferrer. O líder desse povo, Raimundo Silva, o Umbico, foi morto com tiro nas costas e até o momento não houve registro de prisão do acusado.

O terceiro caso ocorreu no dia 5 de julho e a vítima foi identificada como Zé Menino. Segundo a polícia, ele foi morto também a tiros na comunidade Boa Vista, na zona rural de Araioses. Nessa área há um conflito devido os bois dos fazendeiros destruírem as plantações dos moradores da comunidade. Na ocupação Presidente Lula, zona rural de Bom Jesus das Selvas, foi assassinado a tiros João da Cruz Abreu, no dia 5 de julho do ano passado. A comunidade foi atacada e mais de 20 trabalhadores foram baleados.

Fonte: EMA.
Folha SJ Batista.


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