Fiocruz alerta para segunda onda de covid-19

Tendência de crescimento no número de casos de síndrome respiratória aguda aponta para retomada de pandemia em pelo menos quatro estados

Análise de dados sobre Síndrome Respiratória Aguda da Grave (SRAG) na Fiocruz: indícios de segunda onda de covid-19 em pelo menos quatro estados (Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde)

*Regina Castro

Dados do Boletim InfoGripe, produzido pela Fiocruz, mostram que, enquanto diversos estados ainda enfrentam a fase de crescimento da primeira onda de novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como todos os da região Sul, além de Sergipe e Mato Grosso do Sul, alguns já dão sinais do início da chamada segunda onda. É o caso do Amapá, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro. Nestes estados, o número de novos casos semanais, depois de ter atingido um pico e iniciado o processo de queda, voltou a subir.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, observa que em Alagoas o número de casos voltou a crescer, sem nunca ter iniciado o processo de queda. “Os dados de SRAG continuam sendo fortemente associados à Covid-19, uma vez que, entre os casos com resultado positivo para os vírus respiratório testados, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos retornaram positivo para o novo coronavírus”, ressalta o pesquisador da Fiocruz. A análise é referente à Semana Epidemiológica 29 (12/7 a 18/7).

Já foram reportados, este ano, um total de 289.946 casos de SRAG, sendo 145.020 (50,1%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 83.572 (28,8%) negativos, e cerca de 41.750 (14,4%) aguardando resultado laboratorial. Entre os positivos, 0,8% apresentavam influenza A, 0,4% influenza B, 0,7% vírus sincicial respiratório (VSR) e 96,7% Sars-CoV-2 (Covid-19).

O painel InfoGripe: todos os estados com incidência de casos muito alta (Reprodução/Fiocruz)

No cenário nacional os dados indicam manutenção do número de crescimento de novos casos semanais, após leve queda observada no mês de maio. Os valores ainda encontram-se muito acima do nível de casos considerado muito alto. Estima-se que já ocorreram 76.934 óbitos de SRAG, podendo variar entre 74.888 e 79.792 até o término da semana 29. “Como sinalizado nos boletins anteriores, a situação nas regiões e estados do país é bastante heterogênea. Portanto, o dado nacional não é um bom indicador para definição de ações locais”, comenta Gomes.

Tendência de alta

O sinal de possível estabilização no Rio Grande do Sul, apontado na semana epidemiológica anterior, não se confirmou. O estado apresentou manutenção da tendência de crescimento no número de casos de síndrome respiratória. A tendência de possível início de queda na Bahia também não foi confirmada – o estado manteve sinal de estabilização. O Tocantins mostrou estabilização após período de crescimento. Entre os estados que apresentavam queda nos boletins anteriores do InfoGripe, Pernambuco e Espírito Santo voltaram a apontar para um cenário de estabilização.

Paraíba, Distrito Federal, Amapá e Minas Gerais apresentam estabilização após período de crescimento, atingindo um platô. Embora tenha registrado leve queda durante o mês de maio, São Paulo mantém sinal de estabilização em valores semanais ainda próximos ao valor máximo observado neste ano. Em Rondônia e Goiás observa-se confirmação de possível início de queda, após atingir um primeiro pico no número de novos casos semanais.

Nas demais estados não foram observadas alterações em relação às tendências anteriores, com manutenção do sinal de queda na maioria das unidades federativas do Norte, sinal de crescimento em todas do Sul e situações heterogêneas nas demais regiões. Todos os estados continuam apresentando número de novos casos semanais acima dos valores considerados muito alto.

O coordenador do InfoGripe alerta que, além das diferenças entre estados, os gestores precisam avaliar as situações das diferentes regiões. “Dada a heterogeneidade espacial da disseminação da Covid-19 no país e estados recomenda-se que sejam feitas avaliações locais, uma vez que a situação dos grandes centros urbanos é potencialmente distinta da evolução no interior de cada estado”, observa Marcelo Gomes.

*Agência Fiocruz de Notícias


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