Em plena pandemia, preço da conta de água aumenta até 180 vezes mais em comunidade atingida pela Samarco em MG

Denúncia é de moradores de Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente, no Vale do Aço-MG, atingido pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana-MG, em 2015. A comunidade onde vivem pouco mais de 14 mil pessoas costumava pagar até 15 reais nas contas de água, causando surpresa os valores exorbitantes do mês de abril.

 

Terra Sem Males – Na noite desta quarta-feira (8) o presidente Jair Bolsonaro, após pressão Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB e por outras organizações da sociedade civil, anunciou a isenção nacional da tarifa de energia elétrica das famílias que consomem até 220 kWh por mês e que estejam incluídas na Tarifa Social. Uma vitória popular muito importante após sucessivas ações federais que atacaram os direitos sociais em plena pandemia e que já matou em 43 dias mais que o sarampo, a dengue e a H1N1 mataram durante 2019.

Enquanto isto o governo de Romeu Zema (NOVO-MG) continua negando direitos e atacando as condições básicas de vida da população. Um dos exemplos mais escandalosos vem de Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente. A comunidade onde vivem pouco mais de 14 mil pessoas costumava pagar até 15 reais nas contas de água, causando surpresa os valores exorbitantes do mês de abril.

O levantamento feito pelo MAB e Comissão Local da comunidade listou os seguintes valores de conta de água: R$128,64, R$188,59, R$221,88, R$406,99, R$426,75, R$1.308,25. Os relatos se multiplicam nas redes sociais, e mostram contas que chegam ao valor de até 6 mil reais.

Cleonice Martins dos Santos, moradora da comunidade, perdeu o trabalho informal em um serviço de transporte que foi paralisado por tempo indeterminado e relata: “Moro com meu filho, tenho uma casa pequena, uso a água da COPASA duas vezes por semana e minha conta veio no valor de R$1.308,25. Como isto é possível?”.

Segundo a conta da COPASA, ela e seu filho que dependem do Bolsa Família teriam gasto uma média de 5.636 litros por dia durante o mês de março. Cleonice também mostra a observação no final do boleto que aponta um erro: a conta no mês anterior foi de R$7,45. Para a COPASA, seu gasto teria então aumentado 180 vezes em relação ao mês anterior.

A Comissão Local dos Atingidos e Atingidas e o MAB denunciam que os valores da tarifa além de absurdos, são por um serviço que não funciona. É frequente as falhas no abastecimento da comunidade que não confia no tratamento da água tirada diretamente do rio Doce. A sujeira das caixas vazias denuncia a precariedade e a possível contaminação.

Os atingidos vão comparar os valores cobrados nas comunidades vizinhas para verificar se a tarifa por metro cúbico é a mesma e tentar entender o porquê da mudança extraordinária nos valores de um mês para o outro.

Além disso, as instituições de justiça e o Estado, que controla a concessionária estadual COPASA, serão acionados para que seja feita a isenção das tarifas de água enquanto durar o período de calamidade pública, conforme pauta defendida pela Campanha Nacional do Movimento.


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