Documentário resgata luta das trabalhadoras domésticas no Rio de Janeiro

“A gente tem que saber separar o trabalho da amizade e respeitar a lei”, diz Cleide Pinto, do Sindicato das Domésticas

Redação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ)

O Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Domésticos (SinDoméstica) de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, exibiu no último sábado (19) um documentário sobre Nair Jane de Castro Lima durante um seminário de formação. A empregada doméstica e sindicalista, hoje com 86 anos, é uma das lideranças históricas do movimento que reivindica os direitos da categoria.

Nair foi pioneira em presidir a Associação Profissional das Empregadas Domésticas nos anos 1970 e participou ativamente na construção da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Também foi uma das fundadoras do sindicato na Baixada, onde ocupa o cargo de vice-diretora. Em 2003, ela recebeu o Prêmio Bertha Lutz, do Senado Federal, pelo seu empenho em defender melhores condições para as trabalhadoras domésticas no Rio de Janeiro e em todo país.

“A Nair foi a nossa primeira representante internacional e tem uma bagagem muito grande de luta por conquistas até chegar onde estamos agora nos nossos direitos”, explicou Cleide Pinto, atual presidente do Sindicato de Trabalhadoras Domésticas de Nova Iguaçu em entrevista à apresentadora Denise Viola no Programa Brasil de Fato RJ.

PEC das Domésticas

Junto com outras mulheres, como Laudelina Campos de Melo e Odete Conceição, Nair Jane é responsável por grandes avanços. “Cada estado do Brasil tem uma dessas relíquias do Sindicato das Domésticas”, ressalta a diarista que atua há 33 anos na mesma casa. Para Cleide, as trabalhadoras não tem necessidade de serem consideradas “da família”, e sim reconhecidas no seu ambiente de trabalho.

“Não tem como dizer que não tenho uma relação de amizade com essa família porque são anos, é uma vida. A gente tem que saber separar o trabalho da amizade e respeitar a lei”, completa.

Em 2019, a PEC 66/2012 mais conhecida como PEC das Domésticas completa seis anos. A lei estabelece igualdade de direitos trabalhistas e garante, por exemplo, salário mínimo, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias e jornada de 44 horas semanais. “Estamos fortalecendo esse laço com as trabalhadoras e o sindicato porque a gente não sabe o que vai vir pela frente. Ainda mais pelo o que aconteceu quando o atual presidente [Jair Bolsonaro] era deputado e votou contra a PEC das Domésticas”, conclui a diarista.

O documentário sobre Nair Jane foi exibido na sede do sindicato em Nova Iguaçu, no bairro Metrópole, ao final de um seminário em parceria com a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).


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