Democracia, agroecologia e educação unem campo e cidade nas ruas de Belo Horizonte

 

[Por Monyse Ravena – Brasil de Fato/BH] Trabalhadores e trabalhadoras da educação, agricultores e agricultoras, movimentos e organizações populares, estudantes, sindicalistas; jovens, mulheres, LGBT’s, povo negro ocuparam as ruas de Belo Horizonte na manhã deste domingo (03) em um ato unificado do 11º Congresso do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), do IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) e do Quem Luta Educa. A organização divulgou a participação de 10 mil pessoas na caminhada que saiu da Praça da Liberdade e seguiu até o Parque Municipal René Gianneti.

O ato foi marcado por poesia, música, apresentações teatrais e muitas falas que marcaram a importância da união do campo e da cidade na defesa de bandeiras comuns como a agroecologia, a educação e, sobretudo, a democracia. Após a caminhada, todos os manifestantes foram recebidos por um banquete agroecológico preparado pela organização do ENA com alimentos de todas as regiões do Brasil.

Agroecologia

O ENA acontece desde o último dia 31 e seguiu até este domingo (03). No final de semana, a programação do Encontro foi aberta e uma grande Feira de Sabores e Saberes aconteceu dentro do Parque Municipal, oferecendo aos participantes do encontro, mas sobretudo à população da cidade de Belo Horizonte, uma grande quantidade de produtos agroecológicos de vários estados brasileiros, comercializados a preços populares.

Bete Cardoso do Grupo de Trabalho Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia e da Marcha Mundial das Mulheres, lembrou que o ENA também foi espaço para construção de estratégias para que a produção agroecológica chegue às cidades. “Sabemos que um dos maiores bloqueios para que isso aconteça é o machismo. As mulheres são a maioria fazendo agroecologia, mas ainda precisamos lutar para que essa forma de produção seja a principal. O machismo é o veneno na vida das mulheres”, critica. Bete ainda lembrou que o governo Temer não tem compromisso nem com a agroecologia, nem com as mulheres.

O ato foi recebido com muitas manifestações de apoio nas ruas, mas, também, com hostilidade. Ovos foram jogados e uma pedra atingiu um professor da rede estadual que estava no ato. Falando desses casos, Johnny Torquato, do Conselho Nacional de Seringueiros (CNS), afirmou: “Não serão ovos, nem balas, nem a bancada ruralista que vão calar nossa luta em defesa dos territórios. Os povos da floresta estão juntos em uma luta unificada por um projeto popular de sociedade”.

Fazendo um balanço final do ENA, Ana Cristina Alvarenga, da Articulação Mineira de Agroecologia, diz: “avaliamos que nosso objetivo com ENA de ampliar o debate da agroecologia para a sociedade como um todo e para outros setores que também estão debatendo e defendendo a democracia foi cumprido e a maior expressão disso é esse ato unificado, trazendo a agroecologia para o centro da discussão”.

Educação

Os participantes do Congresso do Sindute traziam na bagagem as suas resoluções tomadas nos últimos dias, sob o guarda-chuva de “Nenhum direito a menos”, os trabalhadores da educação apontaram a luta contra o golpe, contra a privatização da Petrobras e pelos 10% da educação, assim como a construção do Congresso do Povo e da Frente brasil Popular como centrais para o próximo período. Jacy de Freitas, professora da rede estadual no município de Montes Claros e participante do Congresso, chama atenção para o grande número de participantes – foram mais de 2500 delegados – sendo a maioria de mulheres. “Em um período como esse, poderia ter sido um Congresso esvaziado, tínhamos a greve dos caminhoneiros, falta de combustível, mas, pelo contrário realizamos um dos maiores Congressos da nossa história”, destaca.

A presidenta da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT MG) e coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, lembrou a importância da construção unitária da mobilização e da necessidade dos movimentos e organizações populares e sindicais não desocuparem as ruas. Lembrou também que a defesa da democracia e da liberdade de Lula são pautas que unem campo e cidade. “Defender Lula livre é um debate de classe, esse ano de 2018 vai continuar sendo um ano de muitas disputas e de luta de classes”, finalizou.

“Nesse Congresso a tônica foi de não permitir que os retrocessos continuem, nos manifestamos pelo fim das medidas antissociais que estão sendo tomadas, contra o fim das liberdades democráticas e pelo direito à educação”, apontou ainda sobre o Congresso Fábio Garrido, da diretoria do sindicato.

Edição: Joana Tavares


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