Comunicação sindical: olhar ao redor para falar além das bases e dialogar com a sociedade
Enfrentamento dos sindicatos aos ataques do capital passa pela contra-narrativa da imprensa sindical
As entidades sindicais, junto aos movimentos sociais e também junto aos partidos políticos de esquerda, têm tido papel de protagonismo no Brasil pós-golpe para construir uma narrativa de conscientização de toda a sociedade quanto aos retrocessos sociais e de direitos na atual conjuntura do país.
Mas toda essa construção de esclarecimento e disputa da sociedade passa pela comunicação e pelo jornalismo sindical. Esse viés norteou o debate sobre o fortalecimento da comunicação sindical para o enfrentamento aos ataques que a classe trabalhadora sofre do capital. E essa contra-narrativa só pode ser construída com o desapego dos sindicatos às suas estruturas, às questões de sua própria base. Para incorporar a sociedade nas lutas sindicais é preciso percorrer as comunidades ao redor. Essa é a opinião de Claudia Giannotti, coordenadora do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).
“Nós estamos há anos debatendo como fazer esse enfrentamento, afirmando que não podemos olhar somente para nosso próprio umbigo. E para os sindicatos entenderem as mudanças na vida da classe trabalhadora, se querem ter alguma influência na sociedade, se querem sua greve respeitada, tem que organizar as ideias, o ganha pão, a luta, o amanhã. A comunicação da concepção sindical reflete o posicionamento das direções”, explica a jornalista, que defende proximidade nos locais de moradia, entender quem são as pessoas que circulam ao redor e quais são suas necessidades.
Rita Casaro, jornalista sindical e membro do coletivo Barão de Itararé, entende que a mídia sindical é fundamental na contraposição da mídia hegemônica. Ela lembra que no momento além do risco do desemprego, o jornalista sindical é uma profissão em extinção por conta das contínuas demissões de profissionais jornalistas pelos sindicatos.
Ela chama a atenção para as entidades entenderem o porquê um movimento aparentemente sem lideranças, como os caminhoneiros, fiz uma organização de greve pelo whatsapp que deu certo. “Se os sindicatos não se desgrudam de suas sedes, não há sintonia com a base.
Claudia Giannotti falou sobre o novo perfil do trabalhador autônomo, que atualmente inclui tanto caminhoneiros como jornalistas, engenheiros, vendedores de cachorro quente, e é preciso integrar esses profissionais nas pautas sindicais.
A jornalista Kardé Mourão, ex-diretora da FENAJ, se identificou assim, como MEI (micro-empreendora individual) para ilustrar esse cenário e contar suas experiências enquanto jornalista sindical que é do tempo do telex e que agora está dessa maneira inseria (de forma precarizada) no mercado de trabalho.
“A conjuntura é um jogo de xadrez e o movimento sindical precisa saber para que lado vai. No movimento sindical existem várias vertentes ideológicas que não podemos desconsiderar”.
A mesa 1 do 6º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, que tratou do tema “Comunicação sindical – fortalecer para o enfrentamento aos ataques do capital”, foi mediada pela jornalista Renata Maffezoli, do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal.
Teia e 2º Festival da Comunicação Popular e Sindical
Claudia Giannotti, do NPC, convidou os participantes do seminário a conhecer e construir a Teia de Comunicação Popular do Brasil, que reúne diversas iniciativas de comunicação popular do país com o objetivo de compartilhar, solidarizar e fortalecer a comunicação alternativa. A jornalista também pediu ajuda pela participação e engajamento na divulgação do financiamento coletivo para viabilizar o 2º Festival de Comunicação Popular e Sindical, que será realizado dia 24 de julho, na Cinelândia, Rio de Janeiro. A data celebra o dia da comunicação popular no município em homenagem a Vito Giannotti, que faleceu em 24 de julho de 2015.
Por Paula Zarth Padilha, do Terra Sem Males
Para a FETEC-CUT-PR
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