Bispo faz visita em solidariedade a famílias acampadas em Querência do Norte-PR
Dom Mário Spak, da Diocese de Paranavaí, esteve em dois acampamentos ameaçados de despejo
Por João Flávio Borba/MST-PR
Nesta quinta-feira (26/09), o bispo Dom Mário Spak, da Diocese de Paranavaí, noroeste do Paraná, realizou uma visita às famílias acampadas no município de Querência do Norte. Ele visitou dois acampamentos que estão ameaçados de despejo, e frisou: “Não há situação sem saída pelo diálogo. Todas as terras ocupadas apresentam condição para serem destinadas à reforma agrária. O papel dos bispos é o de colocar à mesa nesse momento estas saídas, encarando a reforma agrária como situação de solução social. E não pela violência”.
Na parte da manhã ele visitou famílias acampadas e esteve na sede do acampamento Valdair Roque, localizado na Fazenda Água do Bugre. Ouviu e conversou com os moradores, e realizou uma bênção sobre a comunidade. Ele relatou a ação coletiva dos bispos do Paraná (CNBB – Regional Sul 2) na busca da tentativa de estabelecer diálogo com o governo do Estado para a busca de soluções.
Próximo ao meio dia, Dom Mario, acompanhado da prefeita de Querência do Norte, Rose Raggiotto de Oliveira, visitou as estruturas de agroindústria de leite, arroz e plantas medicinais das entidades sociais das famílias assentadas do município.
Na parte da tarde, às 15h, Dom Mario Spak celebrou uma missa no acampamento Companheiro Sétimo Garibaldi, na fazenda São Francisco. Nesta fazenda, em 1997, o acampado Sétimo Garibaldi foi assassinado por ações de milícias dos fazendeiros da região. Sua viúva, Dona Iracema, hoje assentada no município, esteve presente na celebração.
O bispo enfatizou que papel dos cristãos é o de ser e estar com os pobres, em conformidade com o Evangelho. E de que a consigna do Papa Francisco são bastante atuais: “Nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem trabalho”.
A visita de Dom Mario se soma a uma série de manifestações dos Bispos do Paraná em apoio às famílias ameaçadas de despejo. Os religiosos já estiveram reunidos com o governador Ratinho Junior e emitiram duas notas críticas aos despejos que ocorrem no estado.
Desde maio deste ano, 7 despejos já foram realizados e 457 famílias foram retiradas de áreas que ocupavam. Cerca de 7 mil famílias seguem acampadas em áreas que podem ser destinadas à reforma agrária no estado, o que representa 25 mil pessoas.