Bancários fortalecem organização sindical para enfrentar retrocessos

Publicado no Brasil de Fato

Conferências regionais e estaduais são preparatórias para encontro nacional da categoria

Cerca de 300 trabalhadores bancários do Paraná se reuniram em Londrina no último final de semana para organizar a luta contra os retrocessos. As plenárias regionais por cidade e conferências estaduais são realizadas pelo movimento sindical bancário há 21 anos como estratégia de organização da campanha salarial, que é unificada em todo o país.

A diferença é que, em 2019, está em vigência uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) que garante direitos por dois anos e reajuste que contempla reposição da inflação mais 1% de aumento real, em todas as verbas salariais, a partir de setembro. Mas o calendário de lutas foi mantido e fortalecido por debates conjunturais aprofundados para enfrentar o momento político e econômico desfavorável aos trabalhadores e aos movimentos progressistas.

Conforme explica Junior Cesar Dias, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR), entidade responsável pela 21º Conferência Estadual da categoria bancária, realizada em Londrina nos dias 20 e 21 de julho, mesmo não tendo negociação efetiva com banqueiros em 2019, há também o envolvimento com questões gerais. “Por isso as conferências foram mantidas para nos inserir nesses debates, o ataque é geral contra todos os trabalhadores”, diz. “Nós fizemos avaliação de nossos problemas específicos, mas também do cenário político e econômico do país. Para nós, nossa categoria tem uma atuação bastante efetiva, tem se destacado na defesa dos direitos dos trabalhadores como um todo e também tem se envolvido nas pautas da sociedade”.

A conferência é também responsável por ajudar a construir as pautas do debate nacional. A Conferência Nacional dos Bancários será realizada em São Paulo, nos dias 03 e 04 de agosto, e os trabalhadores do Paraná definiram a delegação e as propostas, aprovadas em bloco, que vão subsidiar as reflexões sobre condições de trabalho mas também os enfrentamentos da conjuntura. “Os debates sobre bancos públicos mostram o tamanho do envolvimento dos bancários do Paraná. Nós pretendemos a reversão do processo de privatização do BB e da Caixa, e estamos construindo essa resistência em relação à defesa dos bancos públicos”, explica Junior.

Conferência inclusiva

Uma das preocupações do movimento sindical bancário é entender como estruturante da luta de classes as perspectivas de gênero, raça e diversidade. Duas ações assertivas foram realizadas durante os debates de maneira permanente: a instituição de um espaço para crianças que acompanhavam, nesse evento especificamente, as mulheres que são mães e participavam da conferência, e também uma exposição em forma de varal com notícias sobre os ataques às minorias.

“O mural com notícias sobre ataques aos direitos dos trabalhadores e à diversidade teve objetivo de chamar a atenção sobre fatos que passam desapercebidos no cotidiano, mas que são gritantes, pelo desrespeito ao ser humano. Grupos considerados minorias são alvos preferenciais dos ataques, quer seja por grupos sociais ou mesmo por órgãos governamentais. Considero que cumprimos com o objetivo”, explica Marisa Stedile, diretora da secretaria de políticas sociais da FETEC.

A 21ª Conferência Estadual dos Bancários teve painéis conjunturais sobre a defesa dos bancos públicos, a luta contra a reforma da previdência e sobre a cobrança de metas, um dos principais problemas que causam adoecimento nos trabalhadores. Durante a mesa de abertura, os dirigentes dos dez sindicatos filiados à FETEC reforçaram a importância da organização institucional para a mobilização dos trabalhadores em conjuntura política, econômica e social adversa e de resistência.

Edição: Laís Melo


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