A paralisação de 24 horas do sistema Eletrobras está ocorrendo em todos os estados brasileiros.
Ato em defesa da Eletrobras reúne trabalhadores e parlamentares no centro do Rio
Por Jaqueline Deister, do Brasil de Fato, Rio de Janeiro (RJ)
No Rio de Janeiro, a manifestação em defesa da Eletrobras ocorreu em frente ao prédio da empresa, localizado na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade. Movimentos sociais, sindicais e parlamentares uniram-se aos trabalhadores do setor eletricitário no dia nacional de luta contra a privatização da companhia.
A paralisação de 24 horas do sistema Eletrobras está ocorrendo em todos os estados brasileiros. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empesas de Energia do Rio de Janeiro e Região (SINTERGIA-RJ), Emanuel Mendes, o Rio conta com quatro empresas do sistema Eletrobras: Eletronuclear, Furnas, Cepel e a própria Eletrobras, totalizando 5 mil funcionários. Segundo ele, ao todo, 90% dos trabalhadores aderiram a greve de 24 horas.
“Estamos defendendo o sistema Eletrobras porque quem vai pagar essa conta será a sociedade com reajuste na conta de luz. A própria ANEEL já disse que com a privatização da Eletrobras, conta de luz terá um reajuste de 16% para a população brasileira”, destaca.
A unidade na luta contra a privatização tem sido uma das principais buscas dos movimentos sindicais de companhias estatais. Aluísio Júnior que preside o Sindicato Nacional dos Moedeiros, explica que a empresa responsável pela confecção da cédula do Real, do passaporte e de selos de controle da produção em conjunto com a Receita Federal está num processo avançado de desmonte que deve atingir todas as outras estatais. No início do mês, 212 trabalhadores foram demitidos sob a alegação de corte de gastos.
“De 2016 para cá houve um desmonte direcionado. O governo alterou a DRU (Desvinculação das Receitas da União), taxando 30% do valor que a Casa da Moeda arrecada e reteve no faturamento da empresa em 2016, R$ 534 milhões. O mesmo governo descontinuou o serviço de controle de bebidas e retirou do faturamento da Casa da Moeda R$1,4 bilhão. É importante a nossa unidade nesta luta, porque o nosso adversário é comum. Um governo que quer diminuir o tamanho do Estado e a importância do papel social que as nossas empresas cumprem no Brasil”, afirma Júnior.
O ato convocado para esta segunda-feira (16) também teve como objetivo chamar a atenção dos parlamentares sobre os riscos que uma privatização pode gerar para o país. Deputados estaduais, federais e vereadores do PT, PSOL, PC do B e PSB estiveram presentes e dedicaram as suas falas em defesa da soberania nacional, democracia e pela liberdade do ex-presidente Lula, preso há 9 dias na Polícia Federal em Curitiba. Para o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) a venda da Eletrobras vai na contramão da política de soberania nacional de países como os Estados Unidos e a China.
“Pergunte aos chineses se eles vão entregar o controle do sistema elétrico deles, pergunte ao governo dos EUA se eles vão entregar o controle do sistema elétrico deles. Lá (EUA), mais de 70% das hidrelétricas estão sob o controle do Estado, inclusive, controladas pelas forças armadas porque eles entendem que esse controle é fundamental para a soberania nacional”, salienta.
A manifestação contra o Projeto de Lei que prevê a desestatização da Eletrobras, contou com a presença do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude e trabalhadores da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
(Edição: Vivian Virissimo)