Assentamento do MST-PR inaugura Agroindústria em aniversário de 20 anos

Por Ednubia Ghisi | Foto: Joka Madruga/Terra Sem Males – A entrega ao público de uma agroindústria para o beneficiamento de frutas e verduras vai marcar o aniversário de 20 anos do Assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas (PR), onde vivem cerca de 130 famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento será nesta sexta-feira (15), às 9h, no próprio assentamento. A expectativa é a de que mais de 1500 pessoas participem, entre moradores dos municípios vizinhos, assentados e acampados da região, apoiadores e autoridades locais e estaduais.

O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, está entre as presenças confirmadas. Também participarão Dom Geremias Steinmetz, Arcebispo de Londrina; os deputados estaduais Professor Lemos (PT) e Arilson Maroldi Chiorato (PT); os prefeitos das cidades de Arapongas, Apucarana, Tamarana, Londrina, Centenário do Sul, Florestópolis e Prado Ferreira; 16 vereadores da região e outros religiosos.

A programação começa com a inauguração da Agroindústria e um ato político, seguida de almoço com churrasco oferecido gratuitamente pelas famílias assentadas aos participantes, e confraternização com moda de viola tocada pelos artistas populares da comunidade. O encerramento está previsto para 18h.

Beneficiamento da produção

O agricultor José Damaceno, integrante da coordenação estadual do MST e morador do assentamento, conta que a nova agroindústria vai possibilitar a classificação, padronização e maturação das frutas, assim como a classificação, lavagem e conservação em câmara fria das verduras. “Vai ser algo novo pra nós, como forma de contemplar a renda das famílias assentadas”, explica.

A estrutura e os equipamentos foram adquiridos a partir de recursos próprios dos assentados, que integram a Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), e por meio de um projeto vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado. As famílias fazem parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e destinam maior parte da produção do assentamento à merenda de escolas e colégios da região.

A estrutura e os equipamentos foram adquiridos a partir de recursos próprio dos assentados, que integram a Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), e por meio de um projeto vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado. A Copran atende 32 municípios e 500 escolas municipais e estaduais com o abastecimento de merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Essa será a segunda agroindústria conquistado pelo assentamento Dorcelina Folador. A primeira foi criada em 2013 e industrializa cerca de 40 mil litros de leite por dia, vinda da produção do assentamento e de aproximadamente 4 mil famílias de municípios da redondeza. A indústria possibilitada a pasteurização do leite e a produção de derivados, como queijo mussarela, manteiga e iogurte. Os produtos estão nas prateleiras de mercados de Londrina, Maringá e Curitiba, com a marca Campo Vivo.

“As famílias já têm um exercício de produção cooperada de leite, tanto na produção quanto na industrialização. Essa agroindústria voltada para as frutas e verduras vai agregar mais famílias para a cooperação, trazer mais renda e gerar mais empregos para a juventude assentada”, conta Damasceno, que vive na área há 18 anos junto com a esposa, onde criou seus quatro filhos.

Além do leite, das frutas e verduras, a produção do assentamento também é de grãos e bicho da seda.

Vida comunitária

Localizada a pouco mais de 30 quilômetros de Londrina, no norte do estado, o assentamento Dorcelina Folador é formado por cerca de 430 pessoas – são 93 famílias assentadas e um total de 130 morando no local.

Para além da conquista das duas agroindústrias, a atuação coletiva das famílias nestas últimas duas décadas resultou na criação de outros equipamentos de uso comum: um Centro Social, utilizado para o lazer, reuniões e assembleias; um espaço para prática de esportes e jogos; um campo de futebol; um parque infantil; e uma cancha de bocha.

As crianças filhas das agricultoras e agricultores estudam na Escola Municipal Rural São Carlos, localizada ao lado do assentamento. Elas são 60% dos estudantes da escola, frequentada também por crianças vindas de outras comunidades.


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